A necessidade de criar uma cultura de prevenção

Ao questionarmos os motivos causadores da grande quantidade de acidentes de trabalho no Brasil, ou de trânsito ou até os acidentes domésticos teremos, certamente, a falta de uma cultura de prevenção de acidentes como um dos mais relevantes, o que nos leva a um problema ainda maior: a qualidade da Educação como causa-raiz, deste e de diversos outros problemas de nosso país.

O governo, por sua vez, age de forma paternalista, mandatória e impositiva por meio das várias legislações e regras que dispõem o que pode ou não pode ser feito, quais são as ações proibidas e quais são as permitidas. Por esse olhar, a população pode fazer tudo o que não é proibido, sem, em nenhum momento, precisar refletir sobre o que não deve ser feito, mesmo que lhe for permitido e lhe trouxer benefícios.

Exemplos dessa forma de agir estão bem mais visíveis agora, em todas as atividades durante este período de pandemia. Se o governo permitir a circulação de pessoas sem máscaras sociais, a tendência é que ninguém mais as utilize, mesmo que na prática isso seja o certo a fazer para a proteção de todos. No fundo, transferimos a responsabilidade que deveria ser nossa para o governo e, ao agirmos dessa maneira, entregamos nossa liberdade. Deixamos de ser responsáveis por nós mesmos e passamos a ser manipulados por interesses diversos.

É por esse motivo que para diminuir a quantidade de acidentes não precisamos de mais legislação. Precisamos de mais cultura e, no caso, de mais cultura de prevenção.

Onde iniciar essa formação? A resposta é óbvia, nos bancos escolares, onde se formam os hábitos, o conceito de cidadania daqueles que serão futuros empregadores, trabalhadores e cidadãos.

É por esse motivo que faço uma homenagem especial ao pioneiro e batalhador Orlandino dos Santos, Técnico de Segurança do Trabalho que, sem recursos e nenhum apoio governamental, sem viés político e sem qualquer estrutura logística, tem sido a voz que clama no deserto pela CIPA nas escolas. Um movimento que Orlandino começou sozinho há quase duas décadas em Duque de Caxias, RJ, e que vem crescendo.

Esse movimentou resultou na criação da Lei Federal 12.645/2012, que instituiu a data de 10 de outubro como o Dia Nacional de Segurança e Saúde nas Escolas.

Outra homenagem é à Secretaria do Trabalho que ressuscitou, recentemente, a CANPAT (Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho), ação que vem promovendo o tema de SST não somente entre os trabalhadores, mas também nas escolas, em âmbito nacional.

Ainda hoje e com muita proatividade, o TST Orlandino está contatando as Secretarias de Educação Municipais para aderirem ao movimento. No último dia 10 de fevereiro, a Prefeitura de Petrópolis, reconhecendo a importância do tema, instituiu o Dia Municipal de SST e implementou o Projeto CIPA nas Escolas, na rede de ensino municipal.

Um belo exemplo assim nos traz à luz que o caminho para a redução de acidentes e doenças ocupacionais é, sem dúvida, a criação de uma cultura prevencionista em nossa população, e isso somente será possível se for ensinada nas escolas.

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